O testamento do Gato
Ai, se eu um dia morrer
não quero ser enterrado,
hei-de ficar ao solinho,
em cima do meu telhado.
Levem-me três carapaus
e um pratito de leite.
Comer sempre bons petiscos
é o meu grande deleite
Convidem três gatas pretas
com unhas bem afiadas,
Pois mesmo depois de morto
preciso de namoradas.
Ai, se eu um dia morrer
não me façam despedidas,
eu volto sempre de novo
que um gato tem sete vidas.
Casamento
Casei um cigarro
com uma cigarra,
fizeram os dois
tremenda algazarra
porque o cigarro
não sabe cantar
e a cigarra
detesta fumar.
com uma cigarra,
fizeram os dois
tremenda algazarra
porque o cigarro
não sabe cantar
e a cigarra
detesta fumar.
Não digam que errei
(mania antipática!)
só cumpri a lei
que manda a gramática.
(mania antipática!)
só cumpri a lei
que manda a gramática.
De Manuel Couto Viana:
A GALINHA ENGRIPADA
A Galinha,
coitadinha!
coitadinha!
tem sintomas graves
de gripe das aves.
Não canta: está rouca,
e cobre-se de roupa.
Hora a hora, espirra
(irra! irra! irra!).
Fala à sobreposse:
(tosse! tosse! tosse!).
Tão doente fica
que nem depenica.
Anda o galinheiro
num grande berreiro,
temendo que ela
lhe pegue a mazela.
Médico afamado,
o Mocho é chamado
pra dar a sentença.
Diz que essa doença
é só resfriado:
nada que não vença
um xarope doce
que alivie a tosse
e a rouquidão.
– «Tome, não hesite,
que traz o apetite
pró milho e pró pão.
E coma a minhoca
que não a sufoca.
Mas tenha cuidado
com o agasalho.»
– disse o Mocho inchado.
E voltou ao galho.
Passaram uns dias
sem tosse e agonias,
Cacaracacá!,
a Galinha já
põe ovos e canta.
Tão limpa a garganta!
A saúde é tanta
que a todos espanta.
O Mocho do galho
fez um bom trabalho.
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